Uma facção com base no Vale do Sinos foi alvo da Operação Xeque-Mate, deflagrada nesta segunda-feira, em nove municípios gaúchos. Participam da ofensiva cerca de 500 policiais civis, com apoio da Brigada Militar e da Polícia Penal. Até o momento 31 pessoas foram presas, sendo 25 prisões feitas hoje e outras seis, no curso da investigação.

Nesta manhã foram cumpridas 142 ordens judiciais nas cidades de São Leopoldo, Portão, Charqueadas, Osório, Porto Alegre, Gravataí, Montenegro, Arroio dos Ratos e Sinimbu. Foram 35 mandados de prisão preventiva e mais dois de prisão temporária, além da internação de um adolescente. Houve ainda 104 diligências de busca e apreensão.

“A facção que atua no Vale do Sinos recebeu um duro golpe. Desde o início do ano, essa foi a maior ação da Polícia Civil contra homicídios no Rio Grande do Sul”, destacou o chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré.

A Operação Xeque-Mate decorre do assassinato de um motorista de aplicativo, ocorrido no dia 24 de abril do passado. Na ocasião, o corpo do homem de 28 anos foi localizado no interior de um Renault Logan, no bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo. Ele morreu após ser atingido por disparos na cabeça.

Em um primeiro momento, o caso foi tratado como latrocínio, porque também houve roubo do celular e da carteira da vítima. Ocorre que análises de câmeras de segurança revelaram que o condutor foi perseguido por outros dois veículos, guiados por criminosos armados.

A titular da DP de Homicídios de São Leopoldo, delegada Mariana Studart, garantiu que o motorista era alvo dos traficantes, mas evitou informar detalhes da motivação para não atrapalhar as investigações. Ela confirma que o crime ocorreu por desavenças no crime organizado.

"A facção que atua no Vale do Sinos tem hegemonia dos pontos de tráfico em São Leopoldo. Ocorre que, por vezes, há disputas internas dentro do mesmo grupo. Eles brigam pelo domínio de territórios”, afirmou a delegada, que coordena a investigação.

De acordo com o diretor do Departamento Estadual de Homicídios, delegado Mario Souza, as prisões efetuadas hoje incluem três executores e três mandantes do assassinato investigado. O restante dos suspeitos, explica, foi alvo da ofensiva porque integra o grupo envolvida no crime.

"Por conta de um homicídio, desmantelamos uma célula inteira da organização criminosa. Foram presos todos os executores e mandantes. As outras prisões foram de pessoas que se relacionam com a facção que ordenou o crime. Isso aconteceu somente porque o grupo insiste em ordenar homicídios. Todas as organizações criminosas que promoverem assassinatos, vão ser alvo de pressão operacional. Não vamos aceitar mortes, nosso objetivo é que nenhum homicídio ocorra”, enfatizou o delegado.

O Correio do Povo apurou que o traficante conhecido como Márcio Gordo é investigado como mandante. Ele cumpre pena na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Dois irmãos dele foram presos em agosto de 2023, também apontados como mandantes do crime que vitimou o motorista em São Leopoldo.