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Opinião

Bolsonaristas vão chiar contra a eleição de Lula nas feiras agropecuárias?

Ação da Justiça no 8 de janeiro foi um balde de água fria nos radicalizados

Publicada em 07/03/2023 às 19:02h

Carlos Wagner


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Bresolin Agropecuária
Marina

Bolsonaristas vão chiar contra a eleição de Lula nas feiras agropecuárias?
 (Foto: Assessoria)

Os bolsonaristas radicalizados planejam fazer alguma manifestação contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas grandes feiras agropecuárias que começam a acontecer pelo país e vão se estender até o final do ano? Ouvi essa pergunta de um colega jornalista europeu que conheci no final da década de 80, durante a cobertura dos conflitos agrários no interior do Brasil. Ele me fez essa pergunta porque essas feiras são uma espécie de vitrine do agronegócio, por serem locais onde são oferecidos para os produtores rurais maquinários e outros insumos tecnológicos de última geração. Falando de maneira simplificada, nós jornalistas temos publicado que o agronegócio é contra Lula e a favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Respondi que, por dois motivos, não acredito em manifestações fora da curva. Vamos às respostas.

Vamos ao primeiro motivo. Os jornalistas brasileiros cunharam uma expressão que não é verdadeira. Nas matérias que publicamos, escrevemos que o agronegócio é sinônimo de grande produtor de soja. Não é verdade. Ele é formado por pequenos, médios e grandes produtores e empresários rurais. De uma maneira geral, as pequenas e médias propriedades são responsáveis pela produção de frangos, suínos, gado leiteiro e grãos. Trabalham associadas com as agroindústrias, que são geradoras de uma enorme quantidade de empregos nas cidades do interior do Brasil. Os grandes agricultores e os empresários rurais estão ligados à produção de grãos, principalmente soja e milho, e à pecuária de corte. Portanto, dizer que o agronegócio é contra ou favor de Lula ou de Bolsonaro é forçar a barra e não condiz com a verdade. Quais são as minhas credenciais para fazer tal afirmação? Conheço esse país de ponta a ponta e de lado a lado. Nos meus 40 e poucos anos de profissão de repórter cobri inúmeros conflitos agrários e fiz dezenas de matérias sobre o povoamento das fronteiras agrícolas do Brasil, tendo cinco livros publicados sobre o assunto, entre eles O Brasil de Bombachas, que conta a saga dos agricultores gaúchos e seus descendentes que colonizaram o oeste de Santa Catarina e do Paraná e o Centro-Oeste do país e lançaram as sementes do agronegócio brasileiro. Por isso, nos últimos anos tenho batido muito na tecla de que é necessário revermos o uso da palavra agronegócio como sinônimo de grande produtor de soja. Portanto, uma feira agropecuária reúne gente de todos os credos políticos.

Dito isso, vamos ao que considero mais importante nessa nossa conversa, que é o segundo motivo pelo qual não acredito em manifestação de bolsonaristas radicalizados nas feiras agropecuárias. O efeito pedagógico da prisão dos seguidores do ex-presidente envolvidos nos atos terroristas de 8 de janeiro, em Brasília. Na ocasião, eles destruíram tudo que encontraram pela frente no Congresso, no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal (STF). Foram presos preventivamente 1.028 pessoas, sendo 637 homens, detidos no Complexo da Papuda, e 391 mulheres, na Penitenciária Feminina. Agentes da Polícia Federal (PF) estão investigando e prendendo em todo o Brasil pessoas que financiaram a ação dos atos terroristas. Autoridades do Distrito Federal (DF) foram punidas por terem se omitido e, com isso, permitido a ação dos terroristas. Um dos punidos foi o governador Ibaneis Rocha, afastado do cargo por 90 dias. O ex-secretário da Segurança do DF, o delegado federal Anderson Torres, foi preso preventivamente – a história toda está na internet. Oficiais da Polícia Militar e das Forças Armadas perderam seus cargos no governo e estão respondendo por omissão na Justiça Federal. A maneira como Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, conduz o caso dos atos terroristas de 8 de janeiro atirou um balde de água fria nos bolsonaristas radicalizados.

Agora, isso não significa que não tentarão vender o peixe deles nas feiras. Isso faz parte do jogo. Aqui é o seguinte. O bolsonarismo é um movimento de extrema direita que sabe se movimentar dentro da conjuntura política, como ficou demonstrado durante o mandato do ex-presidente. Vou lembrar um desses casos. A tentativa de golpe de estado por parte de Bolsonaro no Dia da Independência de 2021. Ele conseguiu reunir uma multidão em Brasília e no Rio de Janeiro e fez um discurso inflamado pedido a desobediência civil e ofendendo os ministros do STF. Como não encontrou apoio político, econômico e da população para o golpe, recuou e fez de conta que nada tinha acontecido – há matérias na internet sobre o ato. No meio rural, o bolsonarismo tem seguidores em todos os segmentos de agricultores. No primeiro ano do governo, em 2019, conversei com cientistas políticos no Mato Grosso do Sul sobre o bolsonarismo no meio rural. Em 2018, quando a candidatura do ex-presidente começou a ganhar musculatura, a impressão que tive era de que o bolsonarismo era coisa dos grandes produtores de soja dos estados do Centro-Oeste. Lembro-me de ter tido uma conversa a respeito do assunto com um grande produtor de soja de São Gabriel do Oeste (MS), um gaúcho que migrou para lá no final dos anos 70, mas que ainda mantém fortes ligações familiares e afetivas com o Rio Grande do Sul, que visita frequentemente. Ele me disse, na ocasião, que “a coisa iria se espalhar”. O tempo demonstrou que tinha razão. Logo era significativo o número de seguidores do ex-presidente entre os pequenos e médios produtores dos estados do Sul. Como também é um fato que o ex-presidente vem perdendo seguidores no meio rural depois dos atos terroristas em Brasília. Faço reportagem no meio rural desde 1979. Na época, fiz uma matéria chamada Hora do Recado, sobre um programa de rádio que era transmitido pela maioria das emissoras do interior. No programa, agricultores que iam à cidade para, por exemplo, resolver problemas com bancos, oficinas ou médicos, mandavam recados para a família na zona rural do município. Hoje, as novas tecnologias da comunicação mudaram tudo no interior do Brasil. Na maioria das regiões, em especial na da soja, que começa na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e se estende até a borda da Floresta Amazônica, não existe mais o homem do campo e o da cidade. É tudo a mesma coisa. São realizadas anualmente centenas de feiras agropecuárias pelo Brasil. Elas têm sido um lugar de confraternização entre os agricultores e seus vizinhos. Não tem por que ser diferente neste ano.




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