Mais uma vez, o Rio Grande do Sul foi afetado por intempéries, que inundaram cidades, derrubaram árvores e placas, além de deixarem milhares de pessoas sem luz e água desde terça-feira (16). O El Niño é um dos elementos que contribuem para explicar esses acontecimentos, conforme meteorologistas e climatologistas ouvidos por GZH. Contudo, há outro fator cada vez mais presente: as mudanças climáticas. A combinação dos dois converge para formação de eventos extremos registrados dos últimos meses.
Uma característica do El Niño – que gera o aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico – é a ocorrência de chuva acima da média no Sul e seca em outros Estados. O que não é característico, porém, é o volume que tem sido registrado – é aqui que entram as mudanças climáticas, explica Guilherme Borges, meteorologista do Climatempo.
O planeta passa por ciclos de aquecimento e resfriamento — desde 1950, ocorre um ciclo de aquecimento, potencializado por emissões de gases de efeito estufa. Cada vez mais, as mudanças climáticas intensificam extremos no mundo, frisa o meteorologista.
O aumento da temperatura dos oceanos e da atmosfera, nos últimos anos, cria condições para eventos mais intensos ou mais recorrentes no Sul do Brasil, conforme o climatologista, professor e chefe do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Francisco Aquino. Além disso, a chuva, nas últimas décadas, tem se associado a eventos concentrados ou extremos.
Quando os valores ficam muito acima da média, considera-se como extremo climático, conforme Guilherme Borges. A partir de 2010, esse cenário ficou mais claro, pois foi quando os extremos climáticos começaram a surgir, tornando tanto o calor quanto a chuva mais evidentes.